A justiça do Sudão condenou à
morte por enforcamento uma mulher muçulmana acusada de apostasia - abandono da
religião - depois que ela se afastou do Islã para se casar com um cristão.
"Demos a você três dias
para se retratar mas você insiste em não voltar para o Islã. Sentencio você a
ser enforcada até a morte", disse o juiz, segundo a agência de notícias
AFP, se referindo ao prazo dado para que a mulher aceitasse o islamismo.
O grupo de defesa de direitos
humanos Anistia Internacional condenou a decisão e afirmou que a sentença é
"espantosa e repugnante".
A imprensa local informou que,
como a mulher está grávida, a sentença só será executada dois anos depois do
nascimento da criança.
A mulher foi identificada como
Meriam Yehya Ibrahim Ishag e alega que é cristã.
A maioria da população sudanesa
é muçulmana e o país segue as leis islâmicas. Segundo estas leis, a apostasia é
um crime.
Chibatadas
Embaixadas
de países ocidentais e grupos de defesa de direitos humanos pediram que o
governo do Sudão respeite o direito da mulher de escolher a própria religião. A declaração
conjunta na qual afirmaram que os países estavam muito preocupados com o caso e
pediram que o governo do Sudão respeite a liberdade de religião.
Mas,
além da pena de morte, o juiz do caso também sentenciou a mulher a receber 100
chibatadas por adultério, já que o casamento com o homem cristão não é
considerado válido segundo a lei islâmica.
A sentença das chibatadas será executada
assim que a mulher se recuperar do parto.
A condenação por adultério se deve ao fato
de, segundo a lei islâmica do Sudão, uma mulher muçulmana não pode se casar com
homens de outra religião. Meriam se casou com um cristão do Sudão do Sul.
Durante a audiência, Meriam, cujo nome
islâmico é Adraf Al-Hadi Mohammed Abdullah, foi interrogada por um clérigo
islâmico e disse ao juiz que era uma "cristã e nunca cometi
apostasia".
Segundo a Anistia Internacional, a mulher
foi criada como cristã ortodoxa, a religião da mãe, pois ela teria tido um pai
ausente durante a infância.
A Anistia informou que a mulher
foi presa e acusada de adultério em agosto de 2013 e a Justiça sudanesa
adicionou a acusação de apostasia em fevereiro de 2014, quando Meriam disse que
era cristã.
"O
fato de uma mulher ter sido sentenciada à morte por sua escolha religiosa e à
chibatadas por adultério por ser casada com um homem que, supostamente, tem
outra religião, é espantoso e repugnante", disse.O pesquisador da
organização especializado em assuntos ligados ao Sudão, Manar Idriss, condenou
a sentença e afirmou que apostasia e adultério nem deveriam ser considerados
crimes.
A
condenação gerou polêmica no país de acordo com a AFP. Pequenos grupos de
manifestantes, contra e a favor da sentença, se reuniram em frente à corte onde
Meriam foi julgada.
O correspondente da BBC em
Cartum Osman Mohamed, afirmou que sentenças de morte raramente são executadas
no Sudão.
E um dos advogados de Meriam
disse à AFP que vai entrar com um recurso em instâncias superiores.
Fonte: Terra
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